Hoje recebi flores e me deixaram emocionada. Mas a questão que me emocionou não são as flores, porque já recebi outras vezes, de outras pessoas, e não era o mesmo sentimento. O que me deixou emocionada é ver a construção do amor no dia a dia.
Mas calma que no final vou concluir meu raciocínio.
Sempre fui uma pessoa romântica que acreditava no amor puro e genuíno, naquele amor que cuida, que é companheiro, calmo, pacífico, harmonioso, com diálogo e acolhimento. Sempre acreditei que o amor é bonito do início ao fim e não só na hora da conquista e na fase da paixão.
Eu era a pessoa que escrevia bilhetes pra lembrar o quanto amava e fazia surpresinhas bobas num dia normal. Falava “eu te amo” com facilidade e sentia necessidade de mostrar esse amor em gestos, carinho, atenção e conversa.
Sempre acreditei que o amor não esfriaria, não se tornaria “chato”, e sempre seria gostoso.
Sempre acreditei no amor de outras vidas, em conexão de almas, naquele sentimento inexplicável e na sintonia que parece mesmo ser de outras vidas.
Sempre acreditei em parceria, em companheirismo, em “estar ali do lado sempre”, independente de uma briga.
Sempre acreditei no amor (e sempre amei comédias românticas).
E um dia isso se quebrou.
Mas não se quebrou de uma hora para outra, numa situação x. A quebra foi acontecendo ao longo dos anos. Tipo uma mesa que lasca uma pontinha aqui, depois outra ali, depois cai um pedaço maior aqui e a gente tenta colar, aí um pé desgasta, depois o outro pé desgasta e quando você vê ela está toda remendada e nem dá mais para chamar de mesa.
Foi exatamente assim que aconteceu.
Sempre fui romântica e ao longo do tempo deixei de ser.
Era carinhosa, até que fui sendo menos carinhosa, até deixar de ser.
Era calorosa, até que passei a ser fria e proteger meus sentimentos.
E comecei a guardar tudo para mim.
Continuei acreditando nas pessoas e no amor, mas fui deixando de ser várias coisas. No fundinho, sentia que o amor que sempre acreditei existia sim e que ainda viveria aquilo.
Até que esses dias li essa frase:
Ela retrata minha realidade.
Quando menos imaginei o amor que sempre quis apareceu. Um amor genuíno, sincero.
Apenas aconteceu.
Aconteceu para nós dois no momento em que mais estavamos quebrados e desacreditados. A gente se permitiu (e tudo contribuiu para isso, porque quando a gente se abre para o universo, ele retribui). A gente foi se acolhendo, se ouvindo, se curando.
O amor é para ser simples e leve. É pra curar e não machucar. É para trazer paz e não confusão e caos. É pra ser um laço e não um nó que sufoca.
Acho que tem pessoas que passam a vida toda procurando por esse amor. Enquanto existem outras que já procuraram tanto e desistem, por isso surgem aquelas frases de “o amor só é bonitinho e fofo no começo”.
A verdade é que o amor é um combustível para a vida.
Tudo aquilo que tinha perdido, reencontrei. Voltei a ser romântica, a cuidar e a ser vulnerável. Mas a pessoa que está do meu lado me permitiu isso tudo, porque ele também é. Ele cuida, ele ama, ele faz gestos românticos, se faz presente mesmo quando não está fisicamente presente.
O detalhe maior aqui é que vivemos um relacionamento à distância, ele mora na Holanda e eu no Brasil. E de todos os meus relacionamentos, esse é o que me sinto mais amada, com um companheiro de verdade, que se importa com absolutamente tudo, que me acalma e que me ama até no meu pior momento. E ele nem está no mesmo país que eu.
O que me emocionou não foram as flores em si, mas sim o cuidado e o amor que construímos no dia a dia. Nosso amor me confirma que tudo o que eu sentia no fundinho sobre o amor ser gostoso sempre, independente do tempo. É real galera, ele existe!
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