Em 2015 recebi um convite para viajar para a Itália e aceitei. Mal sabia que eu estava prestes a conhecer meu lugar preferido do mundo.
Nunca tinha feito uma viagem internacional e já comecei muito bem.
Logo que pisei em Roma senti como se o ar tivesse mudado. Eu parecia uma criança num parque de diversões. Andava olhando para cima, vendo tudo, ouvindo tudo.
Fiquei pouco tempo em Roma, não consegui explorar muito, mas me apaixonei logo de cara. Me apaixonei de verdade.
Depois fui para Firenze. Uma amiga morava lá, então ficamos na casa dela. O apartamento que ela morava era na praça Santo Espírito.
Em Firenze, meu programa favorito era acordar mais cedo que todo mundo, descer na praça e tomar meu café da manhã observando toda a rotina dos locais (nesse caso, eu tomava café da manhã duas vezes. Uma sozinha e outra com as meninas. Eu estava na Itália e precisava apreciar ao máximo a culinária local, né?).
Durante as manhãs tinha uma feira ali e eu amava ficar vendo as pessoas indo e vindo, comprando verduras, vendo os cafés e as lojas abrindo, ouvindo as conversas, apesar de não entender nada. Muitas vezes não sabia se era só uma conversa ou uma quase briga.
Era uma delícia ficar ali e ser uma observadora da vida acontecendo.

Guardei esse sentimento de “eu amo a Itália”, “a Itália é meu lugar preferido no mundo” no coração. Mas eu não sabia se essa romantização era por ter sido minha primeira viagem internacional ou se realmente existia um sentimento diferente.

Um tempo depois, tirei do papel meu sonho de aprender italiano. Assim, da próxima vez, eu saberia diferenciar uma simples conversa de uma discussão!
Oito anos depois voltei para a Itália.
Programei um mês viajando e o último lugar seria a Itália.
Quando estava na Suíça comecei a me dirigir próximo à fronteira com a Itália. Em Lugano, uma parte mais italiana da Suíça, já senti que o ar começou a mudar e a empolgação começou. Ouvir as pessoas falando italiano era familiar, já me dava uma sensação de casa.

Passei apenas um dia em Lugano. Andei um pouco pela cidade, mas passei praticamente minha tarde toda e o começo da noite sentada no Parco Ciani.
O lado bom de viajar sozinha é que você pode fazer o que você quiser. Aquele dia me permiti apenas ficar sentada lendo um livro, observando as pessoas irem e virem, sentindo e escrevendo sobre meus pensamentos e sentimentos.
Apenas permaneci ali, no presente.
No dia seguinte parti para a Itália.
Eu estava tão ansiosa que cheguei uma hora antes para pegar o trem (e meu hotel era literalmente do lado da estação).
Quando desci no trem em Milão, aquela sensação voltou!
Eu estava na Itália. E realmente aquele lugar era meu lugar no mundo. É inexplicável, é como se o ar mudasse.

Sai da estação e logo que comecei a andar pela rua já encontrei aquele trânsito caótico, pessoas conversando alto (ou brigando, vai saber), típico clima italiano. Que delícia, me senti em casa mesmo.
Depois de Milão parti para Roma (e ganhei 3 bolhas no pé durante o caminho, mas quem se importa? Eu estava no melhor lugar do mundo!!).

Em Roma ficamos num airbnb mais afastado do centro, bem num bairro típico. Era um condomínio de prédios, bem legal!
Ainda não consegui viver na Itália como uma local. Sinto muita vontade de viajar por mais tempo e explorar essa experiência de sentir a vida acontecendo ali, mas pelo menos dessa vez, a minha localização saiu um pouco do óbvio e foi ótimo.
Tínhamos que pegar metrô, andar bastante, passar por feiras e pracinhas de bairro com crianças brincando, então deu para ver um pouco a vida local acontecer.
Eu já sentia que a Itália era como se fosse minha casa, já me sentia diferente com “aquele ar”, mas coisas muito especiais aconteceram naquela etapa da viagem que tornou tudo mais especial e que me despertaram mais vontade de voltar e continuar explorando, vivendo e amando!
Foi na Itália que eu entendi que casa não precisa ser um lugar e sim uma pessoa.
Comments