Você já sentiu vergonha de coisas que fazem você ser você?
Pois bem, eu já.
Sou tímida e minha forma preferida de comunicação é a escrita.
Sempre escrevi cartas e mais cartas para meus amigos. Até para os meus pais escrevia cartas com todos os fundamentos dos motivos pelos quais eles deveriam me deixar ir em algum lugar ou fazer alguma coisa ‘duvidosa’ (eu já chegava com o problema e a solução).
Escrever sempre foi a minha comunicação, mas nunca olhei para isso como uma profissão. Por muito tempo “patinei” para encontrar algo que amava fazer profissionalmente. Tentei até usar o meu poder de “fundamentar” tudo através da escrita e cursei direito. Amei por muito tempo, mas hoje nosso relacionamento está bem desgastado (risos de desespero). Fundamentar é bom e interessante, mas sempre me senti engessada com todo aquele “juridiquês”.
Depois de um tempo patinando por possíveis profissões voltei às minhas cartas, mas dessa vez estavam sendo escritas para mim.
Vez ou outra mostrava para alguém e recebia elogios, mas nunca me senti ‘pronta’ para mostrar para pessoas fora do meu círculo de 5 amigos e namorado.
Lendo o livro “O caminho do artista” consegui enxergar algumas coisas. A autora relata que temos um “cérebro lógico” e um “cérebro artista”. Muitas vezes o bloqueio criativo acontece porque deixamos o “cérebro lógico” nos dominar com julgamentos (claro que ela explica de um jeito bem menos simplório).
Foi assim que entendi que não tenho bloqueio criativo por falta de criatividade e sim por medo de julgamentos e também por não me achar boa suficiente.
Os pensamentos que rondam minha cabeça são:
Bom, minha cabeça vai longe.
Escrever é se deixar muito vulnerável e, por muito, tempo tive receio de mostrar minha vulnerabilidade.
Hoje entendi e assumi para mim que a escrita é minha verdadeira paixão.
Amo contar histórias, contar minhas experiências, conversar através de palavras (e deixar cada um criar minha voz na própria cabeça). É incrível que as pessoas leiam o que tenho a dizer (às vezes pode não ser muito útil, mas pelo menos ajuda a passar o tempo).
É isso que me dá brilho nos olhos.
Busquei em muitos lugares esse brilho e ele estava dentro de mim esse tempo todo.
É delicioso ouvir alguém dizer “não consegui parar de ler o que você escreveu” ou “me emocionei com tal coisa”.
Gosto de ouvir isso tudo não por conta do ego (embora faça sim uma massagem), mas sim porque ler sempre me inspirou e me fez enxergar além. Me confortou em momentos difíceis, me fez passar um tempo em paz, me transportou para outros lugares, me fez pensar, me fez ter vontade de sair da bolha, me inspirou, me fez querer viver cada dia mais.
Quando escrevo tenho essa mesma sensação de me transportar para outros lugares.
Quero ser isso para alguém (pelo menos para uma pessoa já me faria feliz).
Quero conversar com as pessoas através da escrita assim como conversaram comigo quando estava lendo algo escrito por alguém. E também ser o conforto num momento difícil, o passatempo, o motivo de risada, uma reflexão ou até mesmo mostrar que é possível viver muitas vidas dentro de uma só contando minhas experiências com viagens e mudança de país.
É libertador colocar tudo isso para fora e aos poucos perder a vergonha de mostrar minha escrita ao mundo, deixando de lado o julgamento de “você não é tão especial assim”.
Isso tudo me leva a conclusão de que eu sou a pessoa mais importante da minha vida e a escrita também é algo importante para mim, então significa que já atingi uma pessoa com a minha escrita (no caso eu!) e atingi meu objetivo.
A partir de todas essas reflexões, abri espaço para minha vulnerabilidade e estou aqui escrevendo para quem quiser ler (e posso te dizer que tem me feito muito bem).
Inclusive, muito obrigada por ler até aqui!
Agora me conta, você já sentiu vergonha de coisas que fazem você ser você?
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