Em 2019 minha vida estava mudando muito e eu queria fugir da minha cidade, fugir do Brasil e fugir de mim mesma, por isso planejei um intercâmbio de muitos meses para “melhorar meu inglês” (leia-se morar em outro país, conhecer outras pessoas, viver em outra cultura e fugir, me encontrar e recomeçar).
Rolou uma pandemia e meus planos foram por água abaixo.
A vontade de viajar pelo mundo sempre foi muito forte em mim. Mas eu também sentia vontade de melhorar meu inglês já que não dei tanta importância para isso na época de escola. O inglês seria a quebra de barreiras para muitos dos meus sonhos.
Depois da pandemia, como eu tinha um trabalho no Brasil e não estava nada preparada para largar tudo e ir embora, a solução foi tirar férias e fazer um curso de inglês por algumas semanas e viajar por aí nos momentos vagos, assim eu ia sentir o gostinho de conhecer alguns lugares.
Cheguei em Malta super tarde e no dia seguinte tinha aula cedinho. Antes da aula a gente ia ter um encontro on-line e isso atrasou tudo.
Minha casa ficava há 30 minutos a pé da escola. Minha colega de quarto e eu saímos de casa faltando 15 minutos para a aula, sem tomar café da manhã (não funciono nada bem sem comida), um sol pra cada pessoa, um calor que eu nunca vi na vida (mesmo morando em Araraquara), todos os motoristas de aplicativo cancelavam a viagem e nenhum ônibus estava passando.
Fomos a pé. Era o que tinha. Olhei a paisagem? Olhei o mar? Olhei tudo ao meu redor? Não. O foco era chegar na aula. Chegamos 10 minutos atrasadas. Molhadas de suor. MUITO MOLHADAS.
Parecia que a gente tinha saído do mar direto pra aula.
Meu professor era brasileiro (descobri depois, já que perdi a apresentação porque eu estava correndo uma maratona no sol pra tentar chegar a tempo na aula). Meus colegas de sala eram cada um de um lugar. Eram três alemães, uma colombiana, uma venezuelana, dois franceses, uma africana, uma brasileira, um turco, dois espanhóis.
Me senti muito acolhida naquela turma. Cada um com seu jeitinho, com sua cultura, mas todos curiosos, amigáveis, fofos. Todos nós estávamos lá para vivenciar tudo. Melhorar nosso inglês virou o segundo plano, a gente queria mesmo se conhecer e trocar experiências.
No final, cada um que ia embora ia deixando um pouquinho de si com a turma, e por mais que fosse pouco tempo, todo mundo se emocionava com o “tchau”.
A verdade é que a viagem estava só começando e eu nem imaginava tudo que estava por vir. Nunca imaginei que eu encontraria uma casa e essa casa nem é um lugar!
Comments