Quando eu era criança, achava que uma pessoa de 30 anos já era bem velha, com a vida pronta e tudo resolvido.
Entrei na adolescência e continuei achando as pessoas de 30 anos velhas e tinha certeza que com essa idade a vida estaria inteira resolvida.
Completei 20 anos e comecei a pensar que talvez uma pessoa com 30 não era tão velha assim, mas esperava já estar com a vida toda encaminhada nessa idade.
Completei 20 e tantos e comecei a ter certeza que uma pessoa de 30 definitivamente não era velha e comecei a duvidar se minha vida estaria toda resolvida, mas torcia com todas as forças pra que sim.
Completei 27 e tudo que estava “encaminhado” desmoronou e me senti uma adolescente tentando me encontrar.
Completei 30 e entendi que os 30 são os novos 20 (e minha vida estava uma grande loucura, no meio de uma pandemia).
Posso dizer que meus 20 anos foram bons, mas poderiam ter sido melhores se eu não levasse tudo tão a sério e vivesse sempre agindo e pensando no próximo passo para atingir um plano fixo que tinha traçado na minha cabeça.
Quando fiz 27, minha vida virou de cabeça pra baixo. Tinha acabado de terminar um namoro de 11 anos (o plano de casar e ter filhos antes dos 30 não existia mais) e uns meses depois entendi que a profissão que escolhi com 18 anos não era mais a que eu queria (e não fazia ideia do que fazer da vida).
Comecei a me reinventar (fui meio que obrigada né).
Mas foi a melhor coisa que aconteceu.
Com 27, quando perdi o controle de todos os planos (ou pelo menos parei de tentar controlar absolutamente tudo) comecei a me permitir viver.
Meus 27 anos foram minha adolescência tardia e, com 30 anos, finalmente fiz as pazes com a Rosana de 15 anos.
Comecei a me levar menos a sério, a sorrir mais e ser mais idiota. Parei de me importar tanto com “o que os outros vão pensar”, porque as pessoas estão ocupadas demais com a vida delas e não preocupadas com a minha.
Me permiti viver coisas novas, conhecer pessoas novas, lugares novos.
Com 30 anos fiz coisas que sempre quis.
Tirei meus sonhos quebrados e largados do papel (tirei alguns, faltam muitos).
E sim, acho que planejei tanto como eu “deveria” viver meus 20 anos para chegar nos 30 do jeito planejado que deixei muitas coisas de lado, inclusive eu. E no “fim”, nada saiu como planejado (mas com certeza foi e está sendo melhor do que eu tinha em mente).
Foram necessárias muitas mudanças para entender que pelo menos com 30 e poucos consegui fazer as pazes com a minha menina de 15.
Espero que com 40 anos eu olhe para trás e pense: ainda bem que me permiti ser eu (ou com 40 vou reclamar de todas as merdas que fiz com 30. Mas vai saber, talvez role um pouco de reclamação e um pouco de contemplação?).
Muito bom seu texto ! a idéia de ser velho/ maduro vai mudando Ro . Hoje acho que ser velha é ter 80 anos , qdo eu tiver 70 vou achar que velho é ter 90 kkkkkkk.
Agora tudo resolvido , nunca vai estar , e ai esté o encanto da vida !