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Rosana Emilio

Ouvir a galera falando em holandês me chocou (essa é a fala da pessoa que se mudou para a Holanda)

Quando me mudei para a Holanda sabia que teria que aprender Holandês.

Então vim com meu inglês mesmo. Não era um inglês perfeito, mas era um inglês super falável (se é que essa palavra existe). Aqui as pessoas conseguem viver bem em inglês. Inclusive, os cursos na Universidade são em inglês (embora você tenha a opção de escolher fazer em Holandês também).

Cheguei aqui e tive um choque.

E acho que esse choque me paralisou de uma forma que até meu inglês resolveu se retirar da minha cabeça. 

Então estou num país lindo (e doido) com pessoas que só falam holandês (uma língua totalmente sem sentido) e meu inglês ficou paralisado lá no Brasil. Ótimo né?

Inclusive, neste exato momento meu namorado está assistindo jogos da Eurocopa e o locutor está falando tudo em holandês. Que experiência viu. 



Como se não bastasse a greve do meu inglês, a não existência do meu holandês, meu querido namorado caiu na rua E QUEBROU O BRAÇO

Sério, foi o tombo mais ridículo do mundo.

Estávamos atravessando a rua, ele se desequilibrou (ou escorregou, vai saber) e caiu. Na hora começou a sentir uma dor no braço direito (aham, ele é destro. Lei de Murphy né?), mas conseguiu viver um dia inteiro daquele jeito, inclusive FOI TRABALHAR à tarde e na manhã seguinte (ele é cozinheiro. Lei de Murphy 2.). 

O sistema de saúde daqui é bem diferente do Brasil (Holanda, um lugar super especial). Não podemos simplesmente ir para um Pronto Socorro, precisamos AGENDAR uma consulta com um médico da família e esse médico encaminha para um especialista, hospital ou o que ele achar mais necessário. 

Pois bem, ligamos no médico e o Leonardo estava negando com todas as forças que estava com o braço quebrado e falou isso na ligação, então tivemos que ir ao médico apenas no dia seguinte, no período da tarde. E foi assim que ele viveu um dia inteiro com o braço quebrado sem saber. (inclusive ele é um exemplo de homem que não reclama viu? Fiquei impressionada).

No dia seguinte fomos ao médico (com todo mundo falando em holandês, lembra disso né?) e tivemos a linda notícia que o braço estava quebrado.

Fomos encaminhados para o hospital, ou melhor, a gente se encaminhou para o hospital porque aqui não tem esse luxo de ambulância levar não.

Chegamos no hospital e tivemos a ótima notícia que ele teria que OPERAR E COLOCAR PINOS NO BRAÇO. 

GENTE. 

OPERAR.

E EU AQUI SEM FALAR NEM BOM DIA EM HOLANDÊS (mentira, bom dia eu falo, mas com sotaque péssimo). 

Eu estava lá rindo de desespero e tentando deixar ele calmo (sendo que ELE é a pessoa calma da relação - vide o passeio de 45 minutos até o hospital com o braço quebrado), mas por dentro meus divertidamente estavam em pânico, correndo por todos os lados pedindo socorro, respirando em sacos e querendo fugir. 

A cirurgia para colocar PINOS no osso do antebraço dele foi marcada para UMA SEMANA DEPOIS

Chegou o dia da cirurgia e não sabíamos absolutamente nada do que aconteceria. A irmã dele veio para cá dar um apoio (ela mora na Alemanha, mas também não fala absolutamente nada de Holandês e tem a mesma opinião de que é uma língua sem sentido - embora ela não tenha muita moral pra falar sobre línguas estranhas já que mora na Alemanha e fala alemão que também não faz sentido algum). 

Foi super estranha nossa passagem pelo hospital.


Correu tudo bem com a cirurgia, mas não tivemos contato com o médico. Somente o Léo conversou com o médico no centro cirúrgico, mas mal explicou sobre a cirurgia em si.

A enfermeira mal falava inglês (mas foi fofa e usou o google tradutor - que não adiantou nada, mas fingimos que deu certo). 

Fomos embora do hospital sem saber nada do que aconteceu. PELO MENOS O LEONARDO ESTAVA FELIZÃO QUE GANHOU UM PICOLÉ DE LIMONADA LOGO DEPOIS QUE ACORDOU DA CIRGURGIA (enfim uma pessoa fácil de agradar né?).


Agora estamos aqui, com dois pinos no braço do menino. 

Acho que é a vida tacando na minha cara que vou ter que me virar mesmo e pronto (aprender logo holandês e resgatar meu inglês que ficou perdido em algum lugar do Brasil). 

É isso, mais um dia na vida dessa imigrante na Holanda.





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